quinta-feira, 24 de maio de 2012

Barcelona- cinco línguas, Festival Internacional de Poesia, haxixe, etc


Fotos de Ana Laura Kosby e Marco Celso Huffell Viola


Barcina,poema visual de Juan Brossa que indica o nome primitivo de Barcelona




O encontro marcado às 11h com o locatário em frente ao Mercado Santa Catarina, dava  um aspecto de clandestinidade.  Ele vai entregar as chaves de um apartamento no bairro Gótico, já pago em frente a um mercado?
No horário marcado aparece Javier com as chaves na mão. Não é mesmo um locatário que inspire confiança, usa jeans, uma barba torta, mal feita e fala rápido, mal dá para entender o que diz:
-Precisei marcar aqui porque o apartamento fica numa dessas ruas atrás onde os automóveis não entram e os motoristas de taxi ficariam dando voltas. Vamos lá, é aqui ao lado do mercado!
Entramos numa viela ao lado do Mercado Santa Catarina e ele nos conduz a ao número 4 da Carrier  del Tragí. As vielas do Bairro Gótico tem nomes de profissões, etnias, etc, mas essa não consegui entender o que significa.
São vielas muito estreitas.
Xavier explica rapidamente quais as chaves que se usa para abrir a porta de ferro trabalhado do prédio  é pede para ajudar a carregar a bagagem. Temendo as escadas a frente, pergunto por perguntar: - que piso és?
Ele reponde subindo as escadas:
-Tercero.
Eu havia esquecido que não havia elevador e como o térreo que não é considerado andar, subiríamos quatro andares com a bagagens nas costas. Agora não adianta reclamar, resta a esperança que o apartamento seja bem arrumado num prédio que tem no mínimo 600 anos de idade.
E, é. O apartamento tem dois quartos, fogão, máquina de lavar e duas camas de casal, água quente,etc. E mais importante, está ao lado do mercado Santa Catarina, o único mercado do mundo coberto com lajotas cerâmicas.


Arroz Negro e um poeta indica Doces do Céu num subterrâneo



Instalados era hora de sair a cata do que comer. Decidimos evitar os pequenos restaurantes que cercam o prédio e entramos Santa Catarina a dentro.
O mercado é fantástico, tudo de bom em frutos do mar e o melhor das especiarias da Espanha.
Querendo evitar os Tapas e na ignorância do que pedir deparamos com o Bar Joan, um restaurante com um balcão e poucas mesas, todas ocupadas e com um menu bem diferente.
 Serve arroz negro. Esperamos a mesa vagar e sentamos ao lado de um médico alemão que  passa as suas férias em Barcelona por cinco ano consecutivos, tem uma esposa negra da Serra da Leoa e um filho pequeno. Tudo indica ser um ótimo local para comer às 14h30.
Um pouco atrapalhado no pedido ao garçon, pedimos o arroz negro e o que segue o menu.
Ele trouxe frango com batata frita ( até ele depositar o prato, acreditava que no menu havia escrito conejo e não polo) uma garrafa de vinho e solicitou um pouco de paciência pelo arroz. Quando esse chegou foi a apoteose da mesa,o arroz é tão  negro que para conseguir aquela cor, imaginei  que a tinta deveria ter sido extraída de uns quinze polvos. Mexilhões ou lula completam o prato. Muito, várias vezes  delicioso.

As cinco horas fomos encontrar o poeta Augustín Calvo Galan, que publicamos na revista  Alef, na Praça da Catedral. O ponto de encontro é na frente do Hotel Odeon, na Praça Catalunha, pedimos café para passar o tempo.
Quando ele chega a conversa flui com facilidade.

Augustín Calvo Galan, fala sobre sua cidade e a Revista Alef


Relato a ele a minhas dificuldades de falar o espanhol e ele me corrige, dizendo que o espanhol como língua na região não existe e sim o catalão, e que a língua geral em toda a Espanha é o castelhano, mas existem outras três línguas. Ali estava a minha confusão!
A primeira vez que havia estado em Barcelona, além de ficar pouco tempo, na cidade, ainda era o período franquista e falar com quem quer que seja era uma aventura. E havia lendas, no período, que não que não existia fechadura nas portas das casas, não por segurança, mas para facilitar a entrada da polícia.
Bom, daí para frente comecei a seguir o poeta em tudo que ele me dizia sobre seu povo e a cidade de Barcelona.
-Vou levar vocês onde os turistas não vão.
E Augustín parte conosco em direção a Catedral de Barcelona. Comento o custo da entrada para a Catedral (uma das mais belas catedrais góticas da Europa)de 6 euros e ele diz que nas horas da missa é de graça e já aponta na entrada da antiga muralha da cidade um poema visual de Juan Brossa feito com o antigo nome da cidade Barcina. Do edifício em frente há dois murais de Picasso adornando a fachada de um prédio recente.
O prédio na opinião de Augustín: - és mui feo, pero és Picasso!
E a partir disso ele nos leva para um viagem surpreendente pelo bairro Gótico iniciando pelo Carrier dos Juif.
-Aqui, no início da cidade era o bairro dos judeus.
Percorremos as vielas  que o poeta nos revela com respeito e admiração  por sua história. Fico pensando se conseguiria fazer o mesmo com ele nas cidades que vivi e vivo, no Brasil, creio que não. Claro, temos a nossa história, mas seus símbolos, suas marcas estão degradadas ou descuidadas e tudo é menor que isso aqui. Podemos dizer, sim, que temos 250 línguas e vários troncos linguísticos, mas elas estão na selva e sendo mortas gradativamente, porque nós mesmos, brasileiros, nem sequer sabemos quais são e como preservá-las.
Paramos em frente a um porta imensa adornadas por duas aldravas enormes  de ferro que enfeitam a porta com rostos de  selvagens.

-Aqui- diz Augustín- certamente era propriedade de alguém que enriqueceu na América e ao voltar fez questão de mostrar a origem de sua fortuna ostentando-a na porta.
Ele nos leva também por locais onde a Guerra Civil deixou suas marcas de balas na parede.
É impossível deixar de pensar em Lorca talvez enterrado embaixo de uma fonte como essa, aonde estamos, em uma praça no interior do bairro Gótico.


 Comentamos a ele sobre o XXVIII Festival Internacional de Poesia de Barcelona que está acontecendo na cidade.
Ele explica o Festival como uma atividade apoiada pelo Ajuntament de Barcelona ou seja, um equivalente a nossa Prefeitura é um  festival oficial que é  basicamente organizado por poetas “preferencialmente catalões”  e que privilegiam a língua catalã.



-Agora o Festival está menor- diz ele - já teve o dobro do tamanho, o custo aumentou muito e o Festival diminuiu. Eles, eventualmente chamam um ou outro poeta do exterior para dar essa conotação internacional, mas o cerne é catalão e aqui, quem não escreve em catalão é uma espécie de traidor. Ele  aponta no programa um outro poeta catalão importante, mas resume dizendo: - todo o ano são os mesmos!
Nada muito diferente do que acontece em nosso pequena e pretenciosa província, com uma pequena ressalva, há dentro do Festival um  acontecimento de “set-cents anys d’historia, ès la celebració poética més antiga D’Occident”. É o julgamento “Del Premi de Poesia Jocs Florals 2012”. Esses Jogos Florais, explica Galan, são feitos por poetas que escrevem sobre flores, e no concurso buscam ganhar a “sua flor”.
Caímos na risada.
E esquecemos o tal Barcelona Poesia, nenhum de nós estava interessado em escrever um poema floral, mesmo com essa primavera enfeitando a tarde com as gaivotas voando por todo lado.
Depois de nos indicar os subterrâneos onde está a primitiva história de Barcelona e explicar sem que eu entendesse muito bem a história dessa província autônoma da Espanha com uns policiais vestidos de forma estranha “Los Mossos de La esquadra” ele nos conduz dentro do labirinto para uma casa de chá no coração do bairro.
-Aqui os turistas não vem- ele frisa.




É uma casa subterrânea onde os doces são feitos por freiras  de todas as ordens religiosas da Espanha- Dominicanas, Clarissas e todas as outras.
Quis meter a mão no cardápio para carregar comigo, a dona da casa não permitiu creio que com receio de cópia. Os doces se não são divinos pelo andam perto disso.
Após o chá, nos despedimos de Augustín, prometendo  encontrar com ele dois dias depois no lançamento de um livro que ele faz a apresentação.

Músicos sem licença

Como nas outras capitais da Europa, você está caminhando na rua ou no metro e escuta,  como em Barcelona, o concerto de Aranjuez ou Bach ou ainda música  gitana tocada em dupla, som da na melhor qualidade.
Mais tarde, tomando uma cerveja e comendo uma pizza que não é pizza, uma coisa tradicional da região feita com queijo provolone e tomates, que vem fervendo na mesa, descubro que aqueles músicos em Barcelona, para tocar precisam autorização do Ajuntament.
Quem me conta isso é um músico uruguaio que toca onde consegue com seu trio.
Os locais para se tocar são determinados e se músico não tem licença tem seus instrumentos confiscados e ainda é multado. Ele, apaixonado por música brasileira, teve seu cavaquinho confiscado.
-Um cavaquinho- reclama triste, com a perda do instrumento- onde posso conseguir outro aqui?
E um aroma de haxi enche a noite e descubro mais uma faceta de Barcelona, se você plantar a popoula ou algumas das várias espécies da nossa conhecida canabis sativa ou maconha, e utilizar em sua residência, não dá nada!
Mas não dá vontade de rir?
-Mas e a semente? -Perguntaria um curioso “ interessao  ( já estou tentando hablar castelhano ou cataló)  no assunto. Compra-se em um lojinha dentro do Bairro Gótico. Bom, na sequência precisa-se de um bom vaso e um certo cuidado para a planta prosperar.
Você só acha que Porto Alegre Demais, ou algumas de nossas províncias ao sul do Equador maravilhosas é porque nunca saiu delas ou elas não saíram de dentro de você.
No meu caso é a segunda vez que bato pernas por Barcelona, e estou para conhecer os elementos mais preciosos dessa cidade, além de Gaudi e suas obras suntuosamente, genialmente loucas ou seja, para conhecer além de Augustín o poeta que já publicamos em nosso primeiro número da Revista Alef, mas outros poetas que fazem  com que o espírito dessa cidade e de outras cidade da Espanha permaneça vivo através do tempo. E nos certifica isso a matéria de Emilio Ballesteros, de Granada, que escreve na Alef sobre Cirlot, um poeta completamente desconhecido em nosso país e muito respeitado aqui, como devem ser os grande poetas.



Paris, a cultura dos apressados e ratos ladrões






Paris do alto da Notre Dame que faz 850 anos em 2013
Outro ponto de vista do alto de Notre Dame


Quando você passa alguns anos sem retornar a um local, ao voltar são inevitáveis as comparações. Mas Paris só pode ser comparada a ela mesma. Não adianta o Woody Allen dar voz a um personagem que graciosamente fornece um tema para um filme de Buñuel ou citar Gertrude Stein e misturar Tolouse Lautrec, Hemingwai, numa salada cultural apressada e mal feita, no seu Paris a Manhattan, ele como todo o cinema norte-americano faz o que sempre fez  ao criar o Tarzan ou o Zorro. Acultura e banaliza civilizações inteiras para o consumo fast food.
Nisso os gringos são bons, em criar refeições rápidas em leitura, cinema, teatro,  jogos, etc para consumo imediato e cujo o resultado é muito ruim.
E o Woody Allen que conheci aqui mesmo, pessoalmente, na antiga cinemateca de Paris(agora transformada em cinemateca de Passy) quando do lançamento de seus primeiros filmes não foge a regra, o personagem étnico angustiado  dele se esgotou com o tempo e ele comete uma bobagem dessas a ponto de dar um tema a Luis Buñel, cineasta que ele nunca jamais vai chegar nem perto com seu cinema água com açúcar metido a nervoso.
E essa mentalidade burra e arrogante que tem trazido a Paris filas e mais filas de turistas puxados como gado por um guia que leva na mão sempre um estandarte para que  os animaizinhos do rebanho não se percam. Isso é tão trágico que é possível ver como vi na Notre Dame uma idiota posando em pose de manequim de revista em frente a um daqueles túmulos de um éveque da cidade, Buñel puro, sem roteiro.
Não há mais a necessidade de ver, olhar, sentir o que uma imagem, uma estátua,  um poema ou que um lugar podem transmitir, basta registrar com as máquinas fotográficas.
Elas substituem o olhar, o pensamento, a cognição, para mostrar ao outro:
 -Estive lá!
É Woody Allen puro.
A arrogância do dinheiro tentando impor seus costumes vazios e hábitos de vida ocos, sem nenhum substrato espiritual. É a compreensão rápida do você vive, num comprimido, numa resposta imediata do psiquiatra de plantão 24 horas, que explica como o mundo é, e do que seus sonhos são feitos.
Mas se você continua angustiado, problema seu.
Você continua angustiado e não sabe porque.
Porquê?
Porque esqueceu o que é vida.
E  a vida está aqui!
Na arte dos pintores que sofreram todo o tipo de escárnio e maldizer. E que agora valem milhões.
 Van Gog durante a sua vida vendeu apenas um quadro para o seu irmão. Ou seja, qual é valor do que você faz? Do que você é para o mundo, as respostas estão aqui, descubra se for capaz.
O que você imagina como um  pintor como Dali, poderia pintar depois de Delacroix?
Ele, Eugene Delacroix  é perfeito em técnica, em imaginação, em temas, superá-lo é quase inumano.
La Liberté Guidant Le Peuple,  está lá, no Louvre, para quem quiser ver, é claro, e para quem puder pagar a entrada, uma obra de imaginação  que todos os livros que ensinam a língua francesa usam na capa.
E ai?
O artista que parte com sua arte menos que isso, parte com nada.
 Não há desculpa possível, nem a psiquiatria, nem as escolas isso ou aquilo, nem os dadaístas, futuristas, nem os surrealistas e todo  o resto, superar o que foi feito, está além, sem concessão, é uma outra estética, fazer o novo, eis a questão!
E assim na literatura como  e em todo o resto da arte.
Paris  é isso, é uma cidade que tem a  maioridade de três mil anos. Cidades que não tem essa história, nem de sofrimento, nem essas  batalhas que essa teve, não podem nem se chamar de cidades, como Lisboa, como Barcelona. É uma ofensa a elas.
São vilas. Povoados.
Lugares que o fogo e a luz ainda não testaram.

E Paris é pagã e ao mesmo tempo profundamente espiritual.
Sabiam que no século Xll o carnaval saia de Notre Dame? Não? Então leiam, meus amigos Os Mistérios das Catedrais  de Fulcanelli. Ele fala não apenas  de Notre Dame, mas de outras catedrais européias.

É claro, que a Rua Gregoire de Tours, em pleno Quartier Latin mudou, mas o prédio de número 17, onde morei, continua lá como esteve durante 200 anos, mudou com mais restaurantes, mas a rua continua igual



A Buci no Quartier Latin



.Aumentaram os imigrantes, domingo na estação de Chatelet é possível ver o quanto isso é verdade.


Estação do metro de Luxembourg

 Talvez seja interessante observar que em vez deles estarem na parte de cima da cidade estão, abaixo, nos subterrâneos. Será que isso indica alguma coisa?
Me perdi em Chatelet, essa droga desse metro! Havia esquecido que é necessário memorizar a direção final que ele vai e não a estação.
 Aprendi nesse período de viagem uma palavra nova e uma ideia comum; a palavra: Islamofobia e a ideia comum: Que a Europa está em crise, ouvi isso em Lisboa, Barcelona e agora em Paris.
Leio nos newspapers de hoje que querem tirar a Grécia da zona do euro. Mais um país em crise. É sabido que essas crises, tem especuladores, bancos, que ganham muito com elas.
Isso do euro, pra mim foi uma das melhores coisas que aconteceram a Europa, apesar é óbvio das resistências nacionais, mas em países tão próximos, com economias quase semelhantes é até uma forma de proteção.
E na questão da islamofobia, também sabe-se que alguém ganha com isso. Mas agora, o antigo colonialismo está pagando, acredito, que bem menos o que deve para suas antigas colônias.
Mas meu assunto não é economia, nem sociologia de almanaque e sim essa cidade, com suas galerias de arte, suas praças onde se pode manger um baguete atolado de presunto e queijo e uma garrafa de  suco, tranquilamente, pois nessa praça, em outro banco, um casal faz o mesmo entornando uma garrafa de vinho pelo bico, dando risadas.
É a vida de Paris a pleno que você encontra pela cidade indo onde os turistas não frequentam como o Le Petit Troca (uma pequena brasserie a coté do metro Trocadero, onde a cerveja é barata e pode-se apostar em todos os tipos de corridas de cavalo).
É um bom local para parar se você estiver morto de cansado de caminhar, com fome e chovendo muito na cidade. Quanto as apostas nos cavalos não recomendo, apesar de ser em tempo real, durante o período que permaneci ali, não vi ninguém comemorando a vitória de um cavalo.
Voltando aos museus, estive no Louvre, numa promoção internacional de La Nuit des Museus ( em galego) ou a Noite dos Museus, quando todos os grandes museus europeus estariam abertos gratuitamente à visitação.
Embaixo da piramide da entrada tive que rir ao lembrar o final idiota do livro de Don Brown, o Código da Vinci, quando o personagem, o investigar genial dele conclui que o Santo Graal ou Sangue Real, está enterrado naquele local, justamente onde sai o elevador que é usado para carregar pessoas com problemas  motores.
 É a cultura do fast food em ação, o cara copiou ( foi inocentado do plágio, porque cargas dágua não sei, aquilo é roubo descarado da livro a Herança Messiânica de dois jornalistas, um inglês e outro francês) a essência da história e misturou com Tom Cruise e Walt Disney (tá no livro, quem leu sabe) e acrescentou ação, e o  resultado=sucesso, com o final, destes, para quem não quer pensar e não conhece o local do elevador,  é ótimo.
Mas voltando ao Louvre gratuito, gente se batendo por todo o canto e um aviso na parede, de outra praga européia: os batedores de carteira. Fui advertido disso em Portugal e Barcelona.
Hilário! E logo na seção do Egito. Mas bah! Os caras não querem concorrência! Cuidado com os ladrões de pequeno porte!
Nós carregamos, arrastamos, metade da arte da Grécia, do Oriente pra cá, mas isso tinha um motivo, uma razão de etre. Tirar arte desses locais nunca foi roubo qualificado, agora roubar carteiras é. Deixem os grandes roubos para nós, mas cuidem-se vocês dos pequenos.
Mas também descobri no Louvre, sem esperar e nem querer ver um pequeno ladrãozinho que saiu de dentro da escalier rolante.
Um camondongo francês, que é igual a qualquer camondongo do mundo, saiu e voltou para seu esconderijo. Deve ser parente do rato cozinheiro do Ratatouille, o filme, pois  reside  próximo ao café do primeiro andar que estava fechado. Creio que o camondongo havia pensando que aquele dia era feriado e quando se deu conta havia uma multidão na volta, retornou correndo ao seu esconderijo. Mas tarde no andar de baixo vi outro  correndo entre as porta de vidro do outro restaurante. Fiquei imaginando que se as câmaras de segurança do museu não são capazes de registrar um batedor de carteiras, aqueles ratos devem estar fora do alcance delas. Talvez eu os esteja julgando mal, não são ratos ladrões, são ratos artistas. Pra mim duas hipóteses são possíveis: como só vi dois ratos numa tarde/noite movimentada do museu: é uma população tolerada controlada e restrita ou há uma população bem vasta desses roedorzinhos visitando à noite as partes mais saborosas das exposições ou ainda quem sabe, eles estão apenas resolvidos a interferir nas receitas do café do museu.
Ufa! Não visite nenhum museu em dia gratuito. Melhor pagar.
Mas Paris só deve temer apenas um tipo de roubo, o dessas imagens, locais que a cidade detém e que os turistas buscam frenéticamente enfeiando a cidade com suas máquinas fotográficas.
Proibir de fotografar tudo, não apenas em alguns museus, pode ser uma solução.
Agora, nesse instante estou na rua Vaugirard num hotel 4 estrelas e da janela vejo em frente, um parte da Ecole que existe desde de 1280 e as alunas trabalhando sei lá em que.
Também da janela posso ver a Tour Eiffel, e lembrar da primeira vez que vim aqui,  tinha apenas um número da Monseiur Le Prince, como referência.
Pra completar o jour, beber um bom vin de lang doc, ou da língua do Oc. Diz-se Languedoc. Mas é Langue Do Oc.
Existe alguém ainda nesse mundo que seja capaz de falar essa língua? Língua do Pays D`Oc.
Esse pays e essa língua estão aqui na França, e faz parte de uma das primitivas línguas da humanidade como a dos bascos na Espanha.
Mas isso é outro assunto.

Por hoje chega!
Domani seguimos para Amesterdan e suas caves  envoltas em fumaça de fumos estranhos. Mas temos parte da Bretanha pra percorrer onde os bardos andaram cantando suas canções.














Um comentário:

  1. Muito bem, uma viagem plenamente curtida e magistralmente comentada, Viola. Teu texto flui ligando temas diversos, atravessados por um olhar crítico e informado. Há boas críticas específicas, como a do filme do Woody Allen: embora eu tenha gostado, reconheço que é uma versão fast food da realidade (mas, também, melhor isso que a total ignorância e não valorização...).
    A ideia de proibir as máquinas fotográficas é muito interessante e engraçada, não sei se realizável.
    Tudo de bom pra vocês e excelente período europeu.
    abraço!
    José Antônio Silva

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