Bairro Gótico do lado esquerdo e o Mercado Santa Catarina do lado direito
Mercado Santa Catarina
Barcelona se fosse gente seria mulher. Uma mulher
misteriosa, cheia de segredos, uma feiticeira. Isso, Barcelona seria uma
feiticeira, com o poder de transportar no tempo, criar fantasias e atmosferas.
Barcelona possui esta magia.
Chegamos a Barcelona
por volta do meio dia, fora dos roteiros turísticos
usuais. Escolhemos um apartamento no Bairro Gótico, com vista para o mercado
Santa Catarina e para o casario do Bairro Gótico.
Fica há mais ou menos 700 metros da catedral e dos sítios arqueológicos do centro de Barcelona, bem como podemos ir a pé à estação do metro Jaume, o que nos deixa perto de quase tudo que é importante, além de estarmos há dez minutos da praça central, onde pode-se pegar ônibus para o aeroporto em um trajeto de meia hora. Porque um apartamento? Porque não um hotel? Porque somos apaixonados por cozinha e não poderíamos desperdiçar a oportunidade de cozinhar em Barcelona, com tudo que a cidade nos proporciona de variedade de ingredientes e frutos do mar. Ao chegar ao aeroporto ligo para nosso contato em Barcelona que irá nos esperar à porta do Mercado Santa Catarina, ficamos um pouco intrigados porque não no endereço? Mais tarde descobrimos que é para fugir dos taxistas que gostam de andar pelas vielas do Bairro Gótico fazendo tours não autorizados com os desavisados. Caminhamos duas quadras e estamos no apartamento. Três cômodos, dois quartos e uma sala conjugada com uma cozinha, apenas um inconveniente, terceiro piso, que é um quarto piso, sem elevador! O bom que as calorias da nossa aventura culinária em Barcelona serão gastas nas escadas. O apartamento é extremamente iluminado, a entrada é uma das vielas do Bairro Gótico mas a janela do quarto, antigo, como tudo neste bairro, dá vista para o contrastante e moderno mercado Santa Catarina, segundo nosso amigo poeta, Augustin Calvo Galán, o único no mundo com telhado curvo revestido por cerâmica. O mercado Santa Catarina se destaca ao meio do Bairro Gótico, é moderno, a fachada é de linhas retas contrastando com o telhado curvo revestido por placas coloridas de cerâmica, enquanto o bairro Gótico inteiro exibe uma cor amarronzada, ora cinza, ora bege, porém sempre neutra, com seus telhados de telhas escurecidas pelo tempo, volta e meia apresentando imensos grafites que saltam aos olhos pelo colorido vibrante.
Fica há mais ou menos 700 metros da catedral e dos sítios arqueológicos do centro de Barcelona, bem como podemos ir a pé à estação do metro Jaume, o que nos deixa perto de quase tudo que é importante, além de estarmos há dez minutos da praça central, onde pode-se pegar ônibus para o aeroporto em um trajeto de meia hora. Porque um apartamento? Porque não um hotel? Porque somos apaixonados por cozinha e não poderíamos desperdiçar a oportunidade de cozinhar em Barcelona, com tudo que a cidade nos proporciona de variedade de ingredientes e frutos do mar. Ao chegar ao aeroporto ligo para nosso contato em Barcelona que irá nos esperar à porta do Mercado Santa Catarina, ficamos um pouco intrigados porque não no endereço? Mais tarde descobrimos que é para fugir dos taxistas que gostam de andar pelas vielas do Bairro Gótico fazendo tours não autorizados com os desavisados. Caminhamos duas quadras e estamos no apartamento. Três cômodos, dois quartos e uma sala conjugada com uma cozinha, apenas um inconveniente, terceiro piso, que é um quarto piso, sem elevador! O bom que as calorias da nossa aventura culinária em Barcelona serão gastas nas escadas. O apartamento é extremamente iluminado, a entrada é uma das vielas do Bairro Gótico mas a janela do quarto, antigo, como tudo neste bairro, dá vista para o contrastante e moderno mercado Santa Catarina, segundo nosso amigo poeta, Augustin Calvo Galán, o único no mundo com telhado curvo revestido por cerâmica. O mercado Santa Catarina se destaca ao meio do Bairro Gótico, é moderno, a fachada é de linhas retas contrastando com o telhado curvo revestido por placas coloridas de cerâmica, enquanto o bairro Gótico inteiro exibe uma cor amarronzada, ora cinza, ora bege, porém sempre neutra, com seus telhados de telhas escurecidas pelo tempo, volta e meia apresentando imensos grafites que saltam aos olhos pelo colorido vibrante.
A cozinha é pequena,
separada da sala que tem uma mesa redonda de quatro lugares e um sofá frente a
uma televisão que permanecerá desligada durante toda a nossa estadia em
Barcelona, o mundo lá fora é muito para prendermo-nos a qualquer aparelho. Os
quartos são amplos, com camas de casal e um apresenta uma porta janela que dá
para uma pequena sacada na qual podemos perdermo-nos olhando a fauna humana que
trafega nas vielas do Bairro. Temos aqui, também uma máquina de lavar roupa e,
para minha surpresa, um fogão elétrico, que é muito comum aqui na Espanha. A
cozinha apresenta uma enorme janela que dá para um prédio com um terraço onde
um jardim luxuriante, cheio de pequenas palmeiras
abana para mim no outro lado da rua.
Perfeito!
Depois de conseguirmos colocar novamente o coração no
compasso depois da escalada dos quatro pisos, descemos para o mercado Santa
Catarina em busca de algo para comer.
Tudo que pode ser de interessante por fora, é com certeza,
dez vezes mais por dentro o Mercado Santa Catarina. Bancas das mais variadas,
com tudo que se pode imaginar de frutas, temperos e principalmente frutos do
mar. É impressionante a variedade de
peixes, moluscos, crustáceos e outras coisas que não saberia dizer nem o nome.
Além é claro de uma luxuriante variedade de frutas, legumes, pães, carnes dos
mais diversos cortes, aves, como codornas defumadas e imersas em molhos
oleosos. O mercado é uma festa para os olhos e para a imaginação. As bancas
ficam na área mais central, ao redor, com mesinhas para a parte externa do
mercado é preenchida por restaurantes que tem cardápios variados a preços
relativamente populares. Existe uma peculiaridade, os preços variam de acordo
com o local que é servido. Para comer nas mesinhas na calçada existe um
acréscimo de cerca de 3 euros em cada prato. Aqui conhecemos o que chamam de
menu do dia, o prato do dia de Barcelona. Porém não é um prato, é um conjunto
de pratos servidos em sequência.
Basta sentarmos à mesa que o garçon solícito e sorridente
pergunta o que queremos ao mesmo tempo que arruma a mesa e tenta nos explicar
como funciona. Nos aponta para um quadro negro com uma lista de pratos escritos
à giz, a lista é composta de 3 opções de prato para etapa da refeição. Eu
escolho uma salada de entrada, uma porção de Rip grelhado, que não sei o que é
e o garçon me explica que é um peixe que é servido em postas e que está muito
bom, e um segundo prato, que é arroz negro. Arroz negro é arroz cozinhado com
uma substância negra que os polvos produzem como defesa. Aqui chamado tinta de
polvo. O menu é escrito em uma língua
semelhante ao espanhol que estamos acostumados na américa, é um misto de
espanhol com catalão, os termos se misturam e ao pergunta ao garçon o que não
entendemos, ele vai traduzindo os termos que são catalães. Nessa o Celso pediu
coelho, que na verdade era filé de
frango, mas, como eles dizem, Vale!
Dois minutos depois de fazermos o pedido é despejada uma cesta
com fatias de pão caseiro com uma tigelinha de manteiga e azeitonas negras
imersas em azeite e ervas.
Fazendo aqui um adendo,
outra coisa que me apaixonei em Barcelona são os pães. São diversos
tipos, com diversos formatos e consistências e são extremamente baratos. Com um
euro se compra quase um quilo de pão, daqueles pães de casca grossa crocante
que carregam dentro uma textura macia mesclada com diversas nozes e grãos. Tem
pão de todo o tipo, redondo, comprido, baquetes, pães trançados, doces,
salgados, duros, macios, tudo que se pode imaginar em pão existe aqui, pão com
amêndoas, pão com uvas passas, só não achei o nosso gaúcho cacetinho, mas
também não ousei perguntar se tinha.
Voltando ao nosso almoço, depois chega uma salada, que é um
mix de folhas verdes, tirinhas de cenoura, repolho verde e roxo, com um molho
de limão e azeite e algumas azeitonas negras. Depois vem o rip grelhado. São
duas postas de peixe grelhadas, emolduradas por batatinhas à dore. O peixe tem
uma casquinha dourada e crocante. Rip é um peixe cuja textura é firme, sem ser
borrachudo, sem espinhas finas. Muito saboroso e fácil de comer. Eu já me sinto
plena! O garçon então, ao trazer mais uma garrafa de vinho branco da casa,
extremamente saboroso ( detalhe, neste menu a bebida é incluída, pode-se pedir
desde água ao vinho na quantidade
necessária), pede desculpa que o arroz irá demorar um pouco pois ainda
está no fogo, porém a vantagem é que sairá recém feito. Dez minutos depois vem
ele, quase que dançando por entre as mesas, pedindo desculpas, com dois pratos
fundos repletos de uma massa acinzentada até as bordas. O arroz negro com
mexilhões! É lustroso, regado a azeite, com azeitonas pretas flutuando em uma
massa cinza escuro de arroz com mexilhões. Este prato entrou no hall dos meus
pratos inesquecíveis. Junto com o arroz o garçon trás uma jarra de água, para
limpar o paladar. O arroz é temperado suavemente o que deixa o sabor de maresia
ficar proeminente. Porém a consciência é algo inenarrável, desliza pela boca. O
arroz arbóreo está na -consistência certa, nem duro, nem mole demais, sal na
quantidade ideal, e os mexilhões levemente elásticos, sem estarem se
desmanchando e nem duros demais. É um orgasmo gastronômico, não tem outro
termo!
Estou a ponto de explodir, e o garçon pergunta qual dos
três tipos de sobremesa que desejamos.
Escolho profiterolis com calda de chocolate. Vem mais ou menos uns cinco
bolinhos macios e doces, recheados de um creme de chocolate mais denso com uma
calda fina e quente de chocolate por cima. Provo um e tenho vontade de chorar,
por ter comido tanto e não ter reservado espaço para a sobremesa. Ainda nos
oferece um café e saímos sorrindo, mal podendo andar e simplesmente sem
condições de subir 3 pisos de escadas medievais.
Resolvemos andar por Barcelona.
Gaudí
Parte do teto da Casa Pedreira de Gaudí
Falar de Barcelona e não falar de Gaudí é impossível.
Barcelona é Gaudí, não só nas casas, mas nas roupas, nos cabelos, no jeito. É
essa harmonia do clássico do antigo, do medieval, junto com o inovador e o original,
pode-se ver mulheres extremamente elegantes, com cabelos coloridos de cores
vivas, em penteados que assemelham-se aos punks, homens de ternos bem cortados
com tênis extremamente velhos e mochilas de couro. Mulheres de tailleurs
andando de bicicleta e salto alto. Barcelona tem este contraste, o contraste
que Gaudí muito bem consegue, Barcelona é como Gaudí, único, um mosaico de
cores e formas únicas. Barcelona é como Gaudí, não se pode copiar, não se pode
mudar algo é um todo criativo e único, não se reproduz, Gaudí é Gaudí, como
Barcelona é Barcelona, incomparável. A galeria de Gaudí são as ruas. Não se pode
comprar Gaudí e encerrar em um museu para poucos verem, ele está ali em cores o
formas para todos verem, pelo menos, as formas externas dos prédios que se vão
insinuando na avenida de la Gracia no centro de Barcelona.
Depois de sairmos do mercado Santa Catarina, ainda com pesar
dos profileloris que ficaram para trás, resolvemos dar uma caminhada para
facilitar a digestão. Lentamente, sem pressa e sem planos vamos andando pelas
ruelas do bairro gótico, duas quadras de onde estamos está a grande catedral
gótica na praça central. O lugar é lindo, depois do claustrofóbico bairro
gótico com suas vielas, esta praça é um amplo espaço transformado em palco para
diversos artistas. Em frente a catedral está o Grand hotel Colon, com seu café
e mesinhas com ombrelones enormes e um trânsito imenso de turistas. Nesse
espaço Barcelona é uma babilônia, é um festival de idiomas que não se pode
imaginar. É interessante sentar e imaginar de onde são as pessoas. Eu adoro
sentar em um café e ficar fazendo este exercício de adivinhar as vidas. Com o
tempo, pode-se identificar facilmente quem é quem na Babilônia, mesmo porque os
de fora, na maioria das vezes tem os olhos grudados as máquinas fotográficas.
Isso é algo que me impressiona, parece que as pessoas substituíram os sentidos
por aparelhos, a memória é os memory cards das câmeras fotográficas. Existe um
estilo próprio dos nativos. É algo que se mostra em algum detalhe, algo
diferente, Qualquer um com uma calça cargo e uma mochila pode ser de qualquer
local, ainda mais neste oceano de gente, mas, a bandana no cabelo amarrada
junto com um coque com cabelos arrepiados em uma ponta e fofos na outra,
denunciam que a moça com certeza é nativa, o que depois se verifica ao ela
encontrar com outra que está com duas outras crianças com uniforme escolar e
saírem conversando alegremente em bom catalão.
Depois da manifestação na Praça a pichação
Saímos andando por Barcelona, atravessamos o bairro gótico até chegar nas Ramblas, a grande avenida que nos leva até a praça central. Na praça central tem uma concentração de jovens auto intitulados, os revoltados, que fazem protesto pela crise espanhola. É um protesto pacífico, onde se vê uma porção de jovens alojados como se fosse um acampamento, pareciam ter saído diretamente dos anos setenta. Os pombos fazem coreografias na quente tarde primaveril de Barcelona a cada passagem de qualquer pessoa. Bem ao centro da praça sentada em uma cadeira, em um lugar de destaque está uma mulher vestida de preto, pintada, com um chapéu na cabeça em um protesto silencioso, as pessoas se aproximam, olham, mas ninguém diz nada. Há um imenso outdoor que ocupa toda a parede de um grande prédio vizinho à praça onde evidencia-se uma multidão e um casal se beijando. Só os rostos do casal original foram substituídos por um recorte com rostos de um casal gay.
Alteração em um cartaz gigantesco, Barcelona 2012
Ficamos imaginando quem
poderia ter subido lá para fazer isso, pois é muito alto. Após atravessar a praça encontramos a Avenida
de la Gracia, uma avenida larga onde carros, ônibus, motos, bicicletas se misturam
em uma ordem caoticamente coordenada. Nesta avenida concentram-se os cafés, as
lojas de grife, e os imensos prédios que variam do medieval, ao neo-clássico,
passando é óbvio por Gaudí, que não ouso tentar classificar! Apenas andar por
aqui e observar as vitrines de Chanel, Balenciaga, Gautier, já me faz sentir-me
rica. Aqui correm sobre saltos altos elegantes mulheres envoltas em echarpes,
com bolsas de metais brilhantes, sentadas aos cafés conversando com outras da
mesma espécie, é impressionante a mudança da Rambla e da praça para este ponto
perto das casas de grife. A multidão de turistas segue ordeiramente em seu
aspecto pleomórfico e concentra-se à frente da casa de Gaudí, eles são
diferentes entre eles e diferentes do entorno também.
A Pedreira, Casa de Gaudí
Uma concentração frente
ao grande prédio que é diferente de tudo ao redor. Parece um sorvete derretido,
destes de sabores exóticos tipo kiwi e melancia, ao mesmo tempo me lembra os
castelos de areia feitos com areia molhada das praias do sul, onde a água
escorre da areia e ela se adere formando torres como se fossem formigueiros. Os
vitrais coloridos são brilhantes, revestidos de mosaicos cerâmicos de cores
vivas. A impressão que dá é que se fixarmos o olhar ela começara a trocar de
cor como se fosse um caleidoscópio. Pode-se evidenciar uma certa assimetria nas
curvaturas, não é reta, não é perfeitamente curva. Essa imperfeição das linhas
curvas e assimetrias das retas me faz
pensar que parece que o próprio Deus com suas mãos enormes desceu aqui para brincar de argila. Parece
esculpida à mão por algum gigante enorme e criativo e pintada com giz de cera
mágico. É algo impressionante, incomparável com nada que eu havia visto na
vida.
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